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[Softonic Entrevista] A volta do poderoso Napster

[Softonic Entrevista] A volta do poderoso Napster
Rui Maciel

Rui Maciel

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Se você tem milhares e milhares de canções dentro de uma caixa metal do tamanho do seu dedo, agradeça ao Napster. Afinal, foi essa rede de compartilhamento de arquivos a principal responsável pela popularização dos arquivos MP3 e que, consequentemente, revolucionou tudo o que entendemos por consumo de música.

A história

Criado em 1999 pelos americanos Shawn Fanning e Sean Parker (sim, aquele do Facebook), o Napster permitia que milhões de pessoas em todo o mundo baixassem e trocassem músicas de forma totalmente gratuita. O programa gerou a ira das maiores gravadoras do mundo, que moveram uma série de ações judiciais contra seus fundadores por perdas e danos e, claro, pirataria. Algum tempo – e inúmeros processos depois – o Napster acabaria desativado, mas isso não impediu que programas similares (Kazaa, Limewire, AudioGalaxy, eMule, Ares, etc.) tomassem seu lugar e determinassem o fim da indústria fonográfica como conhecíamos.

A ressurreição

Mas quem dava o Napster como morto, errou feio. Comprada pela americana Rhapsody, o programa se transformou num serviço de assinatura de música digital, via streaming, com modelo de negócios semelhante a sites como o Netflix. E em novembro de 2013, o Napster chegou ao Brasil, para concorrer com os populares Spotify, Grooveshark, Deezer, entre outros.

O Softonic entrevistou dois executivos da empresa – Roger Machado, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Marketing para América Latina, e Max Guimer, diretor de Planejamento Estratégico e Relação com Parceiros para América Latina – para saber dos planos da empresa para o país.

Confira a entrevista:

Softonic – Quais os diferenciais que podem fazer o Napster enfrentar a concorrência de serviços como Spotify, Grooveshark, entre outros?

Roger: Do ponto de vista da plataforma, as diferenças são mínimas, pouco se percebe. O nosso diferencial no Brasil e na América Latina, é focar no conteúdo local, respeitando as diferenças de cada região e, muitas vezes, de cada Estado. Investimos em conteúdo local, curadoria, queremos entregar um serviço de música feito de brasileiros para brasileiros. Algo que faça sentido para os nossos assinantes.

Max: O Napster não entrega apenas música. Temos uma área destacada que traz textos de apoio, conteúdos extras sobre os artistas e playlists. Há um apoio editorial muito forte e somos os únicos a trazer isso.

Softonic – O reposicionamento do Napster de um símbolo de música grátis para um serviço de música paga sofreu ou ainda sofre resistência por parte do público? Ou a marca é um atrativo para conseguir usuários?

Max: Não notamos qualquer tipo de rejeição nesse sentido. O público que usou o velho Napster é diferente dos nossos usuários atuais. Hoje, a marca é vista como algo positivo, há confiança. Nosso maior desafio atualmente é explicar as vantagens dele.

Roger Machado, Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Marketing para América LatinaRoger Machado, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Marketing para América Latina

Softonic – Como vocês enxergam o comportamento do público brasileiro em relação ao modelo de música via streaming?

Roger: Esse tipo de serviço é algo muito recente e ainda há desconhecimento. Ainda existem dúvidas como: “Isso é um aluguel de música?”, “Estou comprando uma música, então posso baixá-la?”, “Como isso é cobrado?”, “Com quem eu falo em caso de dúvidas?”. Depois de esclarecermos essas questões é que iniciamos a evangelização do serviço de streaming de músicas.

Max: Mas, independente disso, notamos uma grande demanda pelo serviço e nossa base de assinantes cresce mês a mês. O mesmo acontece no número de execuções de canções. Brasileiro, em geral, é movido a música.

Softonic – O Brasil ainda é um mercado mais complicado que os de outros países para negociar os direitos de comercialização das músicas?

Roger: No nosso caso, chegamos ao Brasil com os direitos autorais já negociados nas três maiores gravadoras (Sony, Universal e Warner) e suas subsidiárias. Logo, começamos o Napster no Brasil em um patamar privilegiado. É fundamental ter um departamento de direitos autorais muito capacitado para conseguir este tipo de acordo. Os valores de negociação são altos e você precisa de escala. Quem não tiver um bom acervo de músicas não sobrevive, porque não atrai assinantes.

Softonic – O Napster tem alguma exclusividade com bandas ou artistas – nacionais ou internacionais? Se sim, quais?

Max: Os catálogos são parecidos entre todos os serviços. O que fazemos é negociar exclusividade por curtos períodos, mais voltado a álbuns. Até o momento, já tivemos oito parcerias nesse modelo, com artistas como o Paolo Nutini e a Lea Michele, da série Glee.

Softonic – Qual o tamanho do acervo do Napster no Brasil? Há preferência em artistas nacionais ou internacionais?

Roger: Temos cerca de 32 milhões de músicas em nosso catálogo global, sendo que, desse total, 20% (6,4 milhões de faixas) são nacionais. E vale dizer que a penetração da música brasileira é enorme em seu próprio país. Dos dez artistas mais ouvidos no Napster Brasil, seis são nacionais. E dos 20 mais populares, 13 são daqui. A valorização do produto local é grande.

Max Toledo, Diretor de Planejamento Estratégico e Relação com Parceiros para América LatinaMax Guimer, diretor de Planejamento Estratégico e Relação com Parceiros para América Latina

Softonic – As músicas sugeridas são indicações de um algoritmo ou há o elemento humano que influencia no processo?

Roger: As duas coisas. Temos um algoritmo que faz sugestões a partir do que o usuário prefere. Ele também sugere o que é mais escutado pelas pessoas em geral, os top hits. Mas o fator humano também é usado. Temos uma equipe com grande vivência na indústria musical, que monta as playlists oferecidas pelo Napster. É uma questão de sensibilidade, com times locais desenvolvendo para cada região.

Softonic – Uma assinatura do Napster feita no Brasil funciona no exterior ou em locais onde o serviço não está disponível?

Max: A assinatura do Napster funciona em qualquer lugar, mesmo em países em que o serviço não está disponível. Você pode acessar todo o acervo, já que não temos restrições por região.

Softonic – O Napster tem perspectivas de estabelecer mais parcerias como fez com a Telefônica, ou é uma relação de exclusividade?

Roger: Nossa exclusividade diz respeito às empresas de telefonia. A parceria com a Telefônica nos proporciona uma base em potencial de 75 milhões de assinantes. Eles também têm exclusividade conosco. Mas fora desse âmbito, temos possibilidades de criar acordos com outras empresas. Há interesse, mas não é algo imediato.

Softonic – O Napster tem previsão de incluir oficialmente no Brasil suporte a consoles e aparelhos de TV conectados à internet (SmartTV)?

Roger: O app do Napster já é compatível com mais de 400 dispositivos entre tablets e smartphones, além dos PCs, claro. Nos EUA e Europa, já estamos presentes em TVs, videogames e até mesmo alguns modelos de carros, com tecnologia embarcada. Mas no Brasil, a penetração desse tipo de aparelho ainda é muito baixa. Logo, num primeiro momento, nossa prioridade são os smartphones, até porque eles respondem por uma parcela significativa do acesso à internet em território nacional.

Softonic – A infraestrutura de internet no Brasil já está madura o suficiente para suportar serviços como o Napster?

Roger: A estrutura de internet fixa já está em um ponto que consegue suportar o streaming de música sem problemas. O 3G ainda está avançando, mas vem evoluindo, além de já termos o 4G surgindo na sequência. O Brasil conta com muitos hotspots wi-fi em estabelecimentos comerciais como cafés, restaurantes, hotéis, entre outros. Ou seja, o usuário já consegue certa estabilidade para usar o Napster. Claro, ainda temos bugs vez por outra, mas evoluímos consideravelmente, isso é inegável.

Softonic – Considerando a grande popularidade da música digital, os serviços via streaming podem salvar a indústria fonográfica ?

Roger: Os dados indicam que 2014 vai fechar com mais vendas de música digital (MP3 e serviços de streaming) que meios não digitais (CDs). Mesmo assim, é complicado dizer a música digital salvará a indústria fonográfica, até porque cada mercado tem a sua particularidade. O Brasil, por exemplo, ainda tem videolocadoras, algo que você não encontra mais em países mais evoluídos. Cada país se encontra em um estágio evolutivo do mercado. Ainda não dá pra dizer que a evolução será contínua. Nossa aposta é que isso vai acontecer.

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