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Windows Phone, eu gosto de você, mas eu vou ficar com o Android

Windows Phone, eu gosto de você, mas eu vou ficar com o Android
Fabrizio Ferri-Benedetti

Fabrizio Ferri-Benedetti

  • 6 de março de 2014
  • Atualizado: 6 de março de 2024 às 13:59
Windows Phone, eu gosto de você, mas eu vou ficar com o Android

Estou pensando em me mudar para o Windows Phone e dizer adeus ao Android. Mas… eu não posso. Eu estou tão preso aos apps do Google que eu não posso largar o Android.

Quando eu comecei a usar o Android, a diferença com o Symbian foi espetacular. Eu passei de um sistema robusto, mas limitado, a um outro jovem, repleto de aplicativos e capaz de fazer coisas incríveis. Até então, o Android ainda tinha um gosto hacker; com a perspectiva de escolher entre iPhone e Android, optei por algo que, na minha opinião, me daria mais liberdade.

Agora o Android me motiva menos do que antes. É um excelente sistema operacional, sem dúvida, mas o número de aplicativos que eu instalo e testo está diminuindo (o que não acontece com o meu iPad, curiosamente). Eu percebi agora que o que eu quero em um celular é confiabilidade, desempenho e integração entre o sistema operacional e hardware.

Windows Phone tem tudo para ter sucesso

O Windows Phone está tendo muito sucesso: já ultrapassou o BlackBerry e o iOS em muitos países. E não é estranho: o WP8 é rápido e bonito. A tela inicial é um mix entre um inicializador e uma central de notificações; a interface é limpa, moderna, acessível e sem metáforas irritantes. Os Lumias também são terminais excelentes. Entre a exclusividade do iOS e a fragmentação do Android, o Windows Phone está situado bem no meio. É um sistema para todos.

A maioria dos telefones com Windows Phone 8 estão sendo fabricados pela Nokia (fonte)

Quando saiu o  Windows 8, achei muito atraente a fusão móvel-desktop e num contexto como o oferecido pelos telefones da Nokia, de grande qualidade. É verdade que ainda faltam aplicativos como InstagramVine, mas graças ao crescimento do Windows Phone no mundo inteiro, chegarão muito mais. É apenas uma questão de tempo. Assim, a falta de aplicativos não é um problema.

Depois de ver este panorama não tive dúvidas: ia passar ao Windows Phone. Mas, justo quando estava prestes a dar o passo e comprar um Lumia, percebi algo importante: eu estou amarrado ao Google.

Está acontecendo: o Android é cada vez mais Google

No começo era Google Play. Depois, Google Drive e o Chrome para Android. Finalmente, chegou o “vírus”, o Google Play Services, um sistema que permite ao Google introduzir suas atualizações em qualquer celular Android. Foi acontecendo gradualmente, coincidindo com o desenvolvimento do navegador Chrome e outros produtos da Google, como Docs (Drive), Maps, Gmail e o cada vez mais vigoroso Chrome OS.

Com o Google Play Services, o Google obteve mais controle direto do Android

Na web, o lugar onde eu passo a maior parte do meu tempo, eu sou um usuário do Google. Uso quase exclusivamente os seus serviços, seu browser e seu espaço de armazenamento. Meu perfil no Google+ tem mais contatos que qualquer uma das minhas outras redes sociais, e isso potencializa a minha presença nas pesquisas. Se for procurar por algo, eu faço isso com o Google. Se for editar documentos e navegar, é graças ao Google. Eu me tornei um Google-viciado, quase sem perceber.

O Windows Phone o obriga a subir para a nuvem da Microsoft

O Windows Phone, por outro lado, é Microsoft, é SkyDrive, é uma nuvem que não utilizo para nada. A minha conta de e-mail Outlook.com está abandonada há mais de cinco anos, quando encerrei o Hotmail.com. Para minhas chamadas não uso o Skype, mas o Hangouts. Nem uso Bing. Até o meu console não é da Microsoft: se eu tivesse um Xbox, talvez usasse minha conta da Microsoft mais que apenas para me identificar em um punhado de sites.

Assim é minha conta SkyDrive: vazia como o deserto de Gobi

Onde meu salto do Android deparou com uma parede impenetrável é nos serviços da nuvem. Usar um celular não integrado com o Google e sem aplicativos oficiais do Google é intolerável ​​para mim, e eu acho que seria para qualquer um que utilize todos os dias os apps do Google. A ligação entre o Google e seus usuários é tão forte que até mesmo a Apple teve que admitir que sua nuvem não é a melhor (em particular, os seus mapas).

Eu vou mudar quando o Windows Phone for território neutro

Algo semelhante aconteceu comigo no Windows. Mas enquanto o Windows é um sistema em grande parte neutro, no qual qualquer navegador pode ser definido como padrão e o sistema é aberto à mudança, o Windows Phone não. Para a Microsoft, o celular significa apostar no SkyDrive, o Office e todos os serviços na nuvem. “Se você quiser usar o Windows Phone”, eles parecem dizer: “você tem usar a nossa nuvem”.

Na minha opinião, a Microsoft deve se perguntar como quer que seja o seu futuro, porque não pode ser Apple e Google ao mesmo tempo. Eu acho que seria mais benéfico se focasse no desenvolvimento de um sistema operacional mais “neutro” e deixasse de lado a integração forçada de sua própria nuvem. Resumidamente, muitos de nós queremos um Windows Phone com o Chrome, o Google Maps e o Google Drive.

Deveríamos também pedir ao Google para parar de colocar obstáculos: faz tempo que a vida de quem deseja criar aplicativos para se conectar aos serviços do Google está complicada. A situação chegou a tal ponto que a Microsoft lançou a sua própria versão do app do YouTube para o Windows Phone, ignorando todas as regras e irritando o Google.

O resultado? Vai demorar bastante para ter apps do Google no Windows Phone.

Já pensou em migrar do Android para o Windows Phone? Por quê?

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[artigo original em espanhol]

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