Música para um milhão de anos. Um total de 55 países. Led Zeppelin e Pink Floyd. Versões móveis. Impressiona, mas poderia ser muito melhor.
Pago quase 120 euros por ano pelo Spotify Premium; algo como uma dezena de discos baratos. Mas o catálogo do Spotify é tão grande que não chego nem a arranhá-lo. De fato, acabo ouvindo as mesmas canções repetidas vezes como se tivesse sintonizado uma estação de rádio de grandes sucessos dos anos setenta.
Ao final, sinto que não aproveito o serviço tanto quanto deveria, especialmente no celular e no tablet. É uma sensação constante sobre a qual me pego pensando todo mês. As alternativas me tentam, mas sempre acabo permanecendo com o Spotify.
Se não cancelo o serviço, é porque, sobretudo, é cômodo escutar qualquer canção que encontro em seu enorme catálogo. Mas, por acaso, não seria possível fazer o mesmo em um serviço estilo iTunes? Tanto faz: o Spotify já não permite fazer downloads.
Querem que eu viva para sempre no reino efêmero do streaming, um país maravilhoso no qual a gente mistura e busca músicas sem parar e se interessa pelo que os amigos e conhecidos estão ouvindo. Um mundo colorido que parece existir apenas na sede do Spotify.
Cerca de 20% das canções que existem no catálogo do Spotify nunca foram escutadas. Das demais, jamais conheceremos a quantidade real de reproduções. É um dado que o Spotify oculta para proteger discografias e compositores. E não é a única informação escondida.
Achar qualquer coisa no Spotify é uma tarefa difícil. As listas que me permitiriam descobrir novos artistas são incrivelmente difíceis de usar. Achar usuários reais é uma missão impossível. O Spotify é um universo de jardins murados. Nele, é difícil encontrar qualquer coisa.
Desenvolvimento fechado
Para piorar a situação, falta uma API aberta, que permitiria o desenvolvimento de novos aplicativos online e móveis alimentados pelo catálogo do Spotify. Sim, existe a integração com o Last.fm e há apps do próprio serviço, mas, em ambos os casos, trata-se de uma simbiose que beneficia unicamente ao Spotify.
Com os apps presos dentro do Spotify, o usuário fica limitado ao espaço concedido pelo reprodutor. Assim, nenhum entusiasta pode elaborar um serviço conectado ou um diretório, e as pessoas acabam escutando as músicas que já conhecem.
Ao introduzir o botão aleatório, o Spotify tentou “pandorizar-se”. Mas seus clientes móveis e de escritório, cujas atualizações não têm sido relevantes, deixam bastante a desejar quanto à usabilidade. A parte do servidor, que deveria contribuir com sugestões, tampouco é boa.
A fantástica função “Explorar”, com listas criadas por editores do Spotify, indica o que já sabíamos: o ponto forte do Spotify é o catálogo e, agora, a seleção editorial, mas não a tecnologia.
O Spotify tem muito a aprender com o Pandora, Rdio e companhia, sobretudo se deseja engajar usuários por meio da tecnologia e fazê-los aderir ao seu novo modelo freemium. Até então, será apenas um grande depósito de canções difícil de explorar.
Do que você menos gosta no Spotify?
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